O mundo pode ser divido em muitas partes, a partir de muitas lógicas. Os ricos e os pobres. Os modernos e os conservadores. Os altos e os baixos, as mulheres e os homens, e aí os heteros, gays, bi, pan, etc e tal. E há uma categoria que define em muito a vida, dependendo da metade em que cada um se encontra: os que amam e os que odeiam a solidão.
Gostar da solidão implica em gostar da própria companhia, em não ter medo dos pensamentos que falam alto quando o silêncio se instala, e permite que o solitário evite roubadas fenomenais como noitadas equivocadas quando já se sabe que o melhor seria ficar em casa, porque estar com os outros é opcional. Quem detesta a solidão em geral não sabe se entreter sozinho, e cada minuto a sós é lento como o tempo na prisão.
Mas a solidão é um negócio complexo, e tem muitas facetas dentro de cada metade. Tem gente que vive bem sozinho, se curte e se aproveita, tem mil prazeres na própria companhia, mas não suporta não ter um amor. Esses não temem a solidão do ser, só a solidão amorosa, e partem pra bares e boates à procura de alguém pra dividir a vida, pra solidão ocasional ser uma escolha do momento, um estado passageiro, e não um fator permanente.
Camila é dessas, e como escritora não poderia mesmo desprezar as vantagens de estar sozinha. Ela adora o seu espaço, e não precisa de ninguém, a não ser de um amor incurável pra estragar seus dias e noites de silêncio...
Quem cujo dedo busca o gatilho
E agradece a falta da arma
Quem cujo medo assobia na noite
E rabisca nas revistas
Quem se trai nos gestos e quebra cartões e canetas
Quem morde o de dentro das bochechas
Quem morre de câncer
Quem morre do coração
Quem não dorme na tv de madrugada
Quem finge calma e bebe água
Quem range os dentes
Quem parte o espelho
Quem compra roupas
Quem lava o chão
Ninguém encara, de fato e por inteiro,
A solidão
Maria Rezende
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Camila e Violet. E outras também.
VS.
é isso, saber-se só é apenas o começo.
é preciso amar-se.
Postar um comentário