Um filme dirigido por Murilo Salles com Leandra Leal.
Baseado na obra de Clarah Averbuck.

A partir da próxima 6ª feira, dia 07, Nome Próprio estréia em Salvador SALA DE ARTE - CINEMA DO MUSEU - 16:15 e na Sala UFBA no horário de 20:20.

Avisem os amigos!

1 RIO DE JANEIRO - ARTEPLEX SL.03: 16:30 – 21:30

2 RIO DE JANEIRO - ESTAÇÃO LAURA ALVIM SL.02: não definido.

3 SÃO PAULO - ESPAÇO UNIBANCO SL.05: 18:00

4 BRASILIA - CINE LIBERTY SL.01: 16:30 – 18:40 – 21:10

5 PORTO ALEGRE - ARTEPLEX SL.08: 18:00

6 PORTO ALEGRE - RUA DA PRAIA SL.01: 20:30

Jornal do Comércio -Critica de Hélio Nascimento, 29/8/2008.


Fragilidades

O novo longa-metragem de Murilo Salles, filmado e exibido na forma digital, confirma que o cineasta merece ser incluído no grupo de realizadores brasileiros dignos de toda a atenção. Ele tem voz própria, não segue correntes e pratica um cinema urbano, voltado para setores da classe média para cima. Mesmo que a partir de segundo filme não tenha realizado obra tão admirável como Nunca Fomos Tão Felizes, o notável opus um de sua filmografia, ele nunca deixou de ser um autor de filmes e não um mero encenador. Filmes como Faca de Dois Gumes e Como Nascem os Anjos, assim como primeiro, também exibidos - e injustiçados - no Festival de Gramado, são trabalhos de nível bem superior à média de nosso cinema, reveladores de um processo investigativo que evidencia que os males de uma sociedade não devem ser limitados ao método que escolhe a miséria exposta como o único caminho. De certa forma, sem significar que o cinema de Murilo Salles seja um descendente deles, o cineasta de Nome Próprio prolonga o cinema de realizadores como Walter Hugo Khouri e Arnaldo Jabor, na medida em que escolhe um universo distanciado das palavras de ordem e do discurso. Murilo prefere alcançar o espectador acompanhando a trajetória de seus personagens, pois nela vê os sinais reveladores, os sintomas de desajustes, a evidência de fragilidades emocionais.
Nome Próprio, o novo filme do diretor, desta vez vencedor do Festival de Gramado, reafirma a preferência do realizador por personagens que, vivenciando uma solidão quase insuportável, procuram uma afirmação pela busca de ligações humanas que os salvem do desastre. O filme é obra de um verdadeiro autor. Só o desconhecimento ou a falta de memória poderia permitir que não fosse visto no filme de agora um prolongamento de Nunca Fomos Tão Felizes. Aqui, outra vez o cenário do apartamento vazio, na segunda metade da narrativa, expressa essa solidão. Eis um ponto de ligação que merece ser melhor explorado pelo observador. Uma crítica que poderia ser feita ao filme é a de que ele não aborda a relação da protagonista com sua família. Mas essa crítica não seria justa, pois esquece que um filme se insere numa filmografia, numa obra maior, faz parte de um discurso mais extenso. No filme de estréia, o filho deixado num apartamento vazio pelo pai envolvido em luta política expressava a dor do abandono e da solidão, tema que voltaria depois a ser expresso em Faca de Dois Gumes, sem esquecer que duas crianças são de certa maneira vítimas em Como Nascem os Anjos. Assim, se não vemos em Nome Próprio a infância da protagonista, se as figuras dos pais estão ausentes, tal carência é explicitada nos filmes anteriores e, de certa forma, é repetida aqui no plano em que o pai de um dos jovens com que Camila se relaciona praticamente a expulsa de casa. É uma cena rápida, ocupa poucos minutos da narrativa, mas é suficiente para tornar claras as causas de todas aquelas fragilidades emocionais da protagonista, como se o diretor estivesse recorrendo a uma volta ao passado.
Eis aqui outro tema importante do filme e que aparece pela primeira vez na obra do cineasta. A personagem principal praticamente não se afasta de seu computador. É através dele que busca alcançar a bóia salvadora ou a âncora que lhe permita algum tipo de estabilidade. É quando o contraste surge de maneira bem clara, quando as imagens e as situações do filme colocam em cena a incômoda verdade que constata ser o progresso tecnológico inversamente proporcional ao aperfeiçoamento emocional dos indivíduos. Quando, numa de suas melhores cenas, o filme mostra a personagem procurando colocar ordem no seu cenário, em luta inútil contra o caos que a cerca, fica exposta toda a intensidade desse drama que flagra a protagonista tentando recuperar o perdido, procurando voltar a um mundo do qual foi expulsa. O filme procura flagrar o ser humano na luta para recuperar a harmonia desfeita. A variação proposta pelo cineasta em torno do tema da incomunicabilidade merece ser conhecida. No painel que sempre deve ser uma cinematografia a presença de um filme como Nome Próprio não deve passar despercebida.

Juliano Gomes

Nome Próprio só aparece na tela no fim do filme, sobre a imagem das Camilas. Parece que a partir daí tudo se acalma; resolve-se a crise. Como se o problema fosse que ela não coubesse em uma só.
Próprio "é o que pertence ao sujeito da oração", e também "adequado, conveniente, que serve a determinado fim, apropriado". Enfim, acho um nome bem feliz pro filme, mas me suscita a curiosidade de saber se é um nome conquistado ou dado, saber o que você acha disso. Não poderia ser um nome comum? Ou impróprio?

(Formado em cinema, jornalismo e publicidade na PUC-Rio, Juliano Gomes trabalhou como assistente de direção no longa Filhas do Vento, de Joel Zito Araújo. Desde então, realiza documentários, ficções e institucionais. Organiza também, desde 2005, o cineclube CINEPUC. Atualmente, é mestrando da ECO-UFRJ e colaborador do DocBlog, organizado pelo crítico Carlos Alberto Mattos. Foi membro do Júri da Mostra Visões do 1º Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro – RIOFAN).


MURILO

Juliano, acho que a sua pergunta refere-se mais a questão do nome, se é próprio, ou impróprio, ou comum. Acho que a melhor forma de responder a isso é falando um pouco da história do nome do filme; porque esse filme foi procurando o seu nome próprio.

Ele começou como “Máquina de Pinball”, igual ao livro. Já no primeiro tratamento do roteiro, que feito pela Helena Soares, o filme passou a se chamar “O Mundo Segundo Clarah Averbuck”. Do segundo tratamento em diante, ele virou “Pinball” e ficou “Pinball” durante um tempo enquanto íamos escrevendo. Eu gostava da imagem, não gostava da máquina de pinball, porque não acho que é essa a questão. O que era interessante ali para mim era a bola. Ela é uma coisa que vai daqui pra lá, bate, volta, bate nos pontos, se movimenta. Mas, também não queria que o filme se chamasse bola de pinball. Acabei abandonando essa idéia porque eu queria tornar o meu personagem em autor e não numa conseqüência de comando de um outro autor.

Quando chegou perto da filmagem, como eu estava brincando com essa questão do quê é narrado e o quê é vivido por Camila, pelas duas Camilas, eu transformei o filme em “Uma História Real”. Eu estava brincando com esse conceito, do quê que é verdade, o quê que você posta num blog e o quê você vive na vida real; de como a gente se ficcionaliza. Porque, no final das contas, é essa a questão.

O filmei foi todo feito com a claquete Um História Real; comecei a montar o filme ainda com esse nome. Então, quando a montagem foi chegando no final, além do fato de já ter alguns filmes com nome de Uma História Real, comecei a achar que o filme não é uma história real, aliás é tudo o que ele não é. Fiquei com isso na cabeça, achando que o filme tinha que ter outro nome. Procurei e cheguei ao nome “Impressão Digital”, mas achei que era um pouco literal demais; eu gostava e não gostava.

Até que um dia, fazendo uma sauna com a minha senhora, ela começou a falar que o filme tinha que ter um nome próprio, muito próprio. Quando ela voltou a frisar muito próprio, eu disse assim: “Caramba Deyse! Porque não “Nome Próprio?” E a Deyse adorou. Comentei com o Avellar, que gostava muito do “Impressão Digital”, e dois dias depois ele me manda um texto do Otávio Paes, falando sobre a questão do nome próprio, falando de uma forma tão pungente e pertinente com o filme que até hoje esse texto é a introdução ao filme no meu site. Logo depois disso, comentando com a Viviane Mosé, ela sacou um poema dela, que fala sobre no nome próprio. Era coincidência demais. Apesar de algumas pessoas acharem um pouco pedante esse nome, eu gostei muito. Acho muito próprio o filme se perguntar pelo seu próprio nome. Por tudo isso, acho que esse é um nome conquistado arduamente, um nome que se conquista.

Concordo com você quando diz que pode ser que Camila não se baste em uma, não se caiba em uma. Essa é uma das teses boas para o final do filme.

1 RIO DE JANEIRO - ARTEPLEX SL.03: 16:30 – 21:30.

2 RIO DE JANEIRO - INSTITUTO MOREIRA SALLES: 13:30 – 15:50 – 19:50.

3 RIO DE JANEIRO - ESTAÇÃO LAURA ALVIM SL.02: 21:00.

4 SÃO PAULO - ESPAÇO UNIBANCO SL.03: 16:40 – 21:40.

5 BRASILIA - CINE LIBERTY SL.01: 14:10 – 16:30 – 18:40 – 21:10.

6 FLORIANOPOLIS - BEIRA MAR 2: 19:10 – 21:30.

7 PORTO ALEGRE - ARTEPLEX SL.01: 15:00 – 21:30.

8 PORTO ALEGRE - RUA DA PRAIA SL.01: 16:00 – 18:15 – 20:30.

Matéria de hoje do blog Repique, de Paula Guedes.

Vencedor em Gramado discute formato do cinema




Vencedor do prêmio de Direção de Arte em Gramado, com o filme "Nome Próprio”, Pedro Paulo de Souza, conta aqui para o Repique todas as idéias por trás do conceito, cenário e cores de um filme autoral brasileiro.

Repique - Como foi ganhar esse prêmio em Gramado?
Pedro Paulo de Souza - Foi muito bizarro. Eu fui para Gramado para a abertura do Festival, participei da coletiva de imprensa na segunda-feira, e voltei para São Paulo. No outro sábado, no dia da premiação, resolvi ligar a TV para torcer para a Lelê (Leandra Leal), quando a 1.ª coisa que vejo foi a Rosamaria Murtinho falando “Pedro Paulo por Nome Próprio” – como eu era indicado fiquei esperando ela falar os outros nomes que concorriam, e de repente vi a Leandra Leal levantando da platéia. Caraca, ganhei o prêmio!

Que delícia.

Sim. Fiquei muito feliz. Especialmente porque os prêmios de Arte, Montagem e Música em Gramado são dados por estudantes de Cinema, que são convidados pelo Festival para votarem esses quesitos. Para mim, tem um gosto especial e eu me sinto muito lisonjeado de ter sido escolhido por gente que está brigando por conhecimento, que está tentando entender as coisas de outra forma. Até o ano passado não havia no Festival o prêmio de Direção de Arte, não tinha esse quesito mais técnico.

E o que está por trás da Direção de Arte do “Nome Próprio”?

A gente partiu de um registro quase documental porque o filme precisava ser o mais natural possível. Não podia ser muito detalhista porque daria mais informação do que o público precisaria. Os ícones, a forma de discagem, a estrutura do blog - era necessário que não aparecessem tanto, porque o Nome Próprio de certa forma é um filme de época, se passa em 2001 - e isso quando falamos de blogs e internet é praticamente datado - a maioria das pessoas não tinha banda larga, a internet era discada, os navegadores eram outros, não tinha Google, não tinha Altavista. E precisava ficar claro: “Olha, estamos falando de uma época que não é hoje”.

Por que não hoje?

O filme é baseado nos livros da Clarah Averbuck, que descreve um período em que ela tinha um blog, em 2001, um tempo em que não havia esse boom de blogs, em que o blog era um espaço para se expor, por exemplo, quando ela faz a declaração “esse blog não permite comentários”. Uma época em que ela era muito assediada. Se fosse hoje seria outra coisa.

O filme é cheio de vazios.
O filme tem muito vazio. Os ambientes dela são todos vazios porque precisávamos ressaltar a riqueza do universo interior daquela mulher, para que o público tivesse atenção focada em suas reações. O cenário mudava à revelia do que ela estava pensando. Tivemos o maior cuidado que aquilo fosse realmente um ambiente natural para que o ator se sentisse à vontade. Foi uma preocupação que surgiu durante a preparação de atores em que tive que construir alguns objetos de apego – coisas que pudessem estar na bolsa dela, os discos, livros. Outra preocupação foi criar uma série de estranhezas com relação à própria continuidade do filme - objetos que estão numa cena quando ela sai do quarto e quando volta já não estão mais, roupas... porque a história não é o que está na cabeça dela, o tempo em que ela escreve não é o mesmo em que o internauta lê. Deixamos no set tudo aquilo que é para ser assistido – que é quase nada, porque tudo o que está por perto faz sentido, à meia distância, não – o que possibilitaria termos colocado uma banda lá tocando.

Adorei como os textos aparecem no filme.

Ela conta uma história sobre coisas que estão no seu imaginário. Precisei construir a palavra escrita porque estamos falando de Literatura – eu literalmente precisava colocar palavras na tela, pois o texto dito e o texto lido são diferentes, têm outro tempo.

No fim acabou que “Nome Próprio” é super atual...

“Nome Próprio” também discute formato - o filme não tem película, a captação foi toda direta em HD; discute plataforma de comunicação... foi um filme lançado através de um blog, em que pudemos construir uma conversa e passar adiante a discussão que tivemos. Foi além da projeção na tela e isso tem a ver com internet, linguagem e suporte. Tivemos esse cuidado desde o início.

Juliano Gomes

Os escritos que habitam a tela no início do filme, que ficam entre os espectadores e as imagens, são uma expressão direta de Camila. Num segundo momento, pulando pra terceira pessoa, eles parecem vir de um narrador externo, de quem "faz" o filme. No final, vemos que Camila escreve também em terceira pessoa; o "personagem-narrador" se desfaz.
Queria perguntar até que ponto o filme se deixa contagiar pela Camila e até que ponto ela se contagia pelo filme. Porque me parece que estas partes são diferentes, que as crises da narrativa são "do filme", de como apresentar este personagem, de como fazer cabê-lo na tela. Sinto uma crise de representação no filme e acho que pra viver isso se escolheu uma personagem de convulsões, de montanhas-russas, pra que haja um "ou vai ou racha".

(Formado em cinema, jornalismo e publicidade na PUC-Rio, Juliano Gomes trabalhou como assistente de direção no longa Filhas do Vento, de Joel Zito Araújo. Desde então, realiza documentários, ficções e institucionais. Organiza também, desde 2005, o cineclube CINEPUC. Atualmente, é mestrando da ECO-UFRJ e colaborador do DocBlog, organizado pelo crítico Carlos Alberto Mattos. Foi membro do Júri da Mostra Visões do 1º Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro – RIOFAN).


MURILO
A primeira questão é sobre os textos que vão possuindo a tela no início do filme. Esses realmente são escritos da Camila. São todos uma provocação ao Felipe. Há uma ligação direta, os textos estão em “sinc” com ela; vemos os seus dedos digitando e o texto surgindo na tela em seguida.

O primeiro momento de desconstrução é a cena em que ela vai para o Estádio de Futebol. É ali que aparece o primeiro texto de fora: “eu engoli uma pedra. Tem uma pedra dentro de mim. Tem uma pedra. Tudo é dentro”. Esse bonito texto da Viviane Mosé é o primeiro texto que não está em sinc com a ação de Camila e sim com os seus sentimentos.

A primeira intervenção realmente poderosa é logo após ela conhecer o Henry, quando ela está na praia transando com o namorado da amiga. “Nada me resta senão me perder em você, senão morrer um pouco, senão gozar sem saber do que se goza”. Essa fala, que na verdade é da Santa Tereza D’Ávila, é uma violenta ação de um texto sobre a imagem. O texto desfoca a imagem, a sua entrada é avassaladora. O texto possui a imagem. Ali alguém começa a escrever. É ali que começa. É ali que começam todas as questões.

O segundo momento que vc comenta, quando os textos começam a vir na terceira pessoa, começa praticamente só na metade do filme e aparece como uma descontrução. Camila fala em off no presente e na primeira pessoa, enquanto que o texto que aparece na tela é escrito no futuro e na terceira pessoa. É assumidamente uma desconstrução verbal. Queríamos provocar uma sensação de que alguém poderia estar escrevendo aquela fala, que existiria uma outra narrativa por detrás daquelas imagens.

Enfim, Juliano, eu discordo um pouco de você. Esse filme é um filme sobre narrativa, sobre construção de narrativa. Mas, não é porque utilizo um processo de desconstrução, que vai inserindo no filme textos na terceira pessoa e com isso a narração vai sendo paulatinamente tomada por um segundo narrador, que há uma “crise de representação”. Não acho que o personagem narrador se desfaz, pelo contrário, eu acho que ele se constitui. O personagem narrador só se constitui ali no fim. No fim, há uma possibilidade de que aquela segunda Camila seja o personagem narrador. Mas, pode haver outras interpretações também; segundo o Felipe Bragança, aquela segunda Camila sou eu. Eu estou mais para a opinião do Felipe.

Não acho que essa ação de escrever contamina a personagem. É mais do que isso, acho que elas se complementam. É por isso que digo que elas se constituem ao invés de se desfazerem, como você diz. Nada do que é escrito muda a ação da personagem, os textos são muito mais uma complementação da idéia que está sendo narrada. O que está sendo escrito só narra o que a gente está vendo, como na cena final em que Camila sai da festa, entra no ônibus e vai até a casa. Nada do que é escrito faz o personagem mudar qualitativamente. O narrar é uma outra instância, uma instância que está em comunhão com a imagem.

O uso do texto no filme sinaliza esse gradual desvelar de um segundo narrador, de uma segunda instância narradora. Por exemplo, a gente vê em duas cenas uma mão de mulher escrever e-mails de homem. O Daniel existe a partir de e-mails que estão sendo escritos por uma mulher. Toda vez que tem um e-mail do Daniel, com exceção da primeira vez, quando Camila usa o computador do Henry, aparece a mão de uma mulher digitando esse texto. Isso remete a possibilidade de Daniel ser uma invenção sim, dele ser uma coisa da cabeça dela.

Então, eu acho que o filme interage nessas duas camadas, como disse o Felipe Messina, Nome Próprio é um filme em camadas, um filme que fala sobre a paixão e sobre narrativa. As camadas se comunicam, mas não interagem. Elas formam um todo coeso.

Clip dirigido por Marcela Lordy (Diretora assistente de Nome Próprio), com Leandra Leal em todo o seu talento, agora também como cantora.


Hoje na coluna da Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo:

ATRÁS DE UM SONHO

Com quatro filmes no currículo, Juliano Cazarré (na foto, com o gato Alabar) vai estrear na TV em "Alice". Na série que a HBO exibe a partir de setembro, será um funcionário de financeira que sonha -e consegue- virar DJ. Foi em busca do sonho de ganhar a vida interpretando que Juliano trocou Brasília por São Paulo, há um ano e meio. Atualmente, grava "Som e Fúria", minissérie de Fernando Meirelles. Nela, será o cômico namorado de Andréa Beltrão. Ele está em cartaz nos cinemas em "Nome Próprio" -faz o primeiro namorado de Leandra Leal.

ZERO HORA - Matéria do dia 22 de Agosto

Escrever para viver
Estréia “Nome Próprio”, de Murilo Salles, filme vencedor do Festival de Gramado

Poucos filmes brasileiros ganharam tanto destaque no Estado nos últimos anos quanto Nome Próprio. Seja pela participação da escritora gaúcha Clarah Averbuck no projeto do diretor Murilo Salles, pela impressionante atuação de Leandra Leal, pela polêmica estratégia de lançamento do filme, a disputa e a surpreendente vitória no Festival de Gramado.

Todos estes temas renderam assunto. Muito falado, o longa pode a partir de hoje também ser visto em duas salas da Capital: Unibanco Arteplex 1 e Arcoíris Rua da Praia1.

Realizado em vídeo digital e com orçamento modesto (R$ 1,2 milhão), Nome Próprio é a imersão de Salles em um universo que, segundo ele, ainda não tem sua importância reconhecida pelo cinema brasileiro.

– Queria abordar essa geração que se relaciona e conhece o mundo pela internet – diz Salles. – Não se pode ignorar fatos como o Brasil ter o maior número de usuários do Orkut no mundo.

Diante da proposta, o caminho de Salles inevitavelmente cruzou com o de Clarah, escritora pioneira no uso da internet no Brasil para divulgar seus textos. A partir de relatos confessionais da autora em blogs e também em livros, o diretor apresenta como protagonista Camila (Leandra), jovem que chega a São Paulo aspirando ser escritora e se lança em uma ciranda de excessos – amorosos, emocionais e etílicos –, transformando essa intensidade autodestrutiva, e algo amoral, em um constante fluxo narrativo no teclado de seu computador. Camila não sabe se escreve para viver ou vive para escrever.

– Conheci os textos da Clarah antes de começar a filmar. Quando cheguei ao set sabia muito de cada cena, daquele universo – lembra Leandra, que destaca a liberdade que obteve do diretor para contribuir na construção da personagem, que lhe valeu um aclamado Kikito de melhor atriz em Gramado.

Murilo completa:

– Um filme que com essa intensidade só pode ser feito quando existe total intimidade e cumplicidade no set.

Ao mesmo tempo em que comemora a vitória em Gramado, Salles lamenta o fato de Nome Próprio ter sido recusado em vários festivais internacionais

– É um filme moderno, urbano, que vai contra a imagem que as curadorias estrangeiras têm do Brasil. Elas apreciam mais temas como miséria e violência. Temos de fugir desse coitadismo no cinema brasileiro.

1 - Efeito Kikito

Entre os seis longas nacionais em competição no Festival de Gramado, Nome Próprio era favorito apenas ao prêmio de atriz para Leandra Leal. O Kikito de melhor filme surpreendeu o próprio Murilo Salles. O diretor espera que a visibilidade e os prêmios conquistados na Serra despertem o interesse do público onde o longa estréia hoje (Porto Alegre e Florianópolis) e nas próximas semanas (Curitiba e Salvador). O efeito Kikito já fez o filme voltar a cartaz em Brasília. Nome Próprio soma 25,4 mil espectadores.

2 - É ou não é?

O roteiro de Nome Próprio é inspirado em textos da escritora gaúcha Clarah Averbuck, publicados nos livros Máquina de Pinball e Vida de Gato, além de relatos dela em seus blogs. Desde o lançamento do filme, Clarah insiste que a personagem de Leandra Leal, apesar de ter pontos em comum com sua trajetória, não é ela. A escritora e Murilo Salles costumam contrapor um ao outro sobre o grau de semelhança entre Clarah e Camila. O roteiro conta com textos da filósofa Viviane Mosé. Para pôr fim, ou mais lenha, na discussão, Murilo diz: “A Camila sou eu”.

3 - Boca a boca

O lançamento de Nome Próprio no centro do país, em 18 de julho, contou com uma estratégia de guerrilha na divulgação. Murilo Salles lançou uma campanha viral pela internet, na qual criticava o atual modelo de distribuição no Brasil e apelava para que o filme fosse visto no primeiro fim de semana em cartaz. Esperava ele que a propaganda boca a boca garantisse uma segunda semana de exibição:

– Ninguém queria estrear junto com o Batman. Fiz um lançamento pequeno em meio à ocupação. Achava que teria só 5 mil espectadores. Só posso comemorar.

MARCELO PERRONE

Nessa sexta-feira dia 22 de Agosto, "Nome Próprio" entra outra vez em cartaz em Brasília. Agora nós estamos na sala 01 do CINE LIBERTY.

Voltamos à Brasília motivados pela vitória em Gramado. Para COMEMORAR COM A CIDADE QUE nos abraçou, os prêmios de Melhor Filme, Melhor Atriz para a minha querida Leandra e Direção de Arte para o meu amigo Pedro Paulo de Souza.

Voltamos como nova energia, como uma nova garra. Queremos fazer ainda mais barulho que nas duas semanas que o filme ficou em cartaz em Julho. Brasília tem mais para dar, para provocar. Não é uma apenas uma questão de ir ao cinema, mas de discutir as questões que esse Brasil conectado nos coloca e encarar a feminilidade das nossas meninas de frente, parar de tampar o sol com a peneira acreditando que somos única e exclusivamente uma sociedade machista e conservadora.


Nunca tive a intenção de fazer desse filme um blockbuster. Queria movimentar a cena, falar sobre questões que muitas vezes não prestamos a atenção, mas que existem e que estão crescendo bem de baixo dos nossos narizes burgueses. Brasília é uma cidade muito representativa desse status quo, de um Brasil que passa longe e que não quer ver as questões que Nome Próprio aborda com tanta intensidade.

Contamos com todos vocês. Vamos movimentar a internet. Vamos discutir o filme no Blog, nos blogs, nos bares. O filme ganha vida de verdade na rua.

Murilo Salles.


Leandra Leal, Deborah Osborne e Erick Rocha


Leandra Leal e Daniel de Oliveira

Matheus Nachtergaele, Paulo Jose e Leandra Leal







Matheus Nachtergaele, Paulo Jose e Leandra Leal

Daqui a dois dias começa a 6ª semana de exibição de Nome Próprio. Já entramos em cartaz em 11 cidades e nesse final de semana o filme estréia em mais duas, Florianópolis e Porto Alegre. Ainda vamos para Salvador e Curitiba. Mas, isso ainda é pouco.


Queremos levar o filme para outras cidades do Brasil. Para cidades que não tenham salas de projeção digital. Muitas pessoas têm publicado comentários aqui no Blog a esse respeito, falando do desejo de assistir ao filme. Estamos analisando qual é a melhor forma de distribuir o filme, a internet não está descartada.


Aguardem novidades em breve.

Depois dos prêmios em Gramado, voltamos a estar em cartaz em Brasília.

Agora no CINE LIBERTY SL.01: 14h20 - 16h40 - 19h - 21h20.

1 - RIO DE JANEIRO - ARTEPLEX SL.03: 15:30 - 21:40h.

2 - RIO DE JANEIRO - ARMAZEM DIGITAL LEBLON: 16:20 - 20:30h.

3 - RIO DE JANEIRO - INSTITUTO MOREIRA SALLES: 13:30 - 15:50 - 19:50h.

4 - RIO DE JANEIRO - ESTAÇÃO LAURA ALVIM SL.02: horário a ser definido.

5 - SÃO PAULO - ESPAÇO UNIBANCO SL.03: 16:40 - 21:40

6 - PORTO ALEGRE - RUA DA PRAIA SL.01: 13:40 – 16:00 – 18:15– 20:30h.

7 - PORTO ALEGRE - ARTEPLEX SL.01: 14:10 – 16:40 – 19:10 – 21:40h.

8 – FLORIANOPOLIS - BEIRA MAR SL.02: 14:30 - 16:50 – 19:10 – 21:30h.

9 - BRASÍLIA - CINE LIBERTY SL.01: 14h20 - 16h40 - 19h - 21h20.

Ontem, segunda-feira dia 18 de Agosto, foi o aniversário de 1 ano do Cineclube Bancários. As comemorações foram feitas com uma sessão seguida de debate do filme Nome Próprio. Mais de 470 pessoas na sala! Mais do que um sucesso do filme, essa é uma demonstração do sucesso do movimento dos cineclubes. Fica aqui a nossa homenagem a esse circuito que vem brigando pelo cinema independente há 80 anos.



Nas fotos: Ana Arruda (produtora do Cineclube/ Brazucah Produções), Garcia Rocha
(secretário de Cultura do Sindicato dos Bancários/ idealizador do Cineclube) e
Sérgio Moriconi (cineasta e jornalista, debatedor convidado).



Ana Arruda, produtora do cineclube Bancários, nos mandou um pequeno texto sobre a exibição de ontem:

“A exibição de Nome Próprio deu o toque especial na nossa comemoração de 1 ano do Cineclube Bancários, em Brasília. Festejamos conjuntamente com o público não só os prêmios em Gramado, mas a oportunidade de fortalecermos o circuito alternativo de difusão do cinema nacional a cada sessão. Acompanhamos todo o processo de mobilização virtual do Nome Próprio e entramos na rede de discussão a partir dos textos do Murilo Salles. Enfim, são muitos motivos de celebração para seguirmos em frente ...
O trabalho autoral e a sensibilidade de Murilo Salles, a interpretação de Leandra Leal e todo o empenho da equipe do filme e do lançamento ... Nos identificamos com essa dedicação constante e coletiva, essa deve ser a essência cineclubista e de todos que amam a sétima arte. Ao longo de cada semana, debatemos questões relacionadas à linguagem, estética, mercado e discutimos com diferentes públicos sobre as histórias mostradas nas telas – são mais de 200 cineclubes ativos no país, esse circuito comemora 80 anos no Brasil.
Como diz o lema do Conselho Nacional de Cineclubes, os filmes são feitos para serem vistos!
Viva o Nome Próprio! Viva o Cinema Nacional!”

Ana Arruda
Produção Cineclube Bancários/ Brasília
www.brazucah.com.br

Melhor FILME EM GRAMADO!!!!
Que honra!
Vindo de um corpo de jurados de excelência:
Ana Carolina - Presidente do Júri
Carlos Gerbase
Lina Chamie
Roberto Guervitz
E Marcelo Janot - crítico de cinema.






FIZEMOS ESSE FILME COM PAIXÃO, e foi lançado com igual paixão. Transformamos nossa energia nessa FORÇA BRUTA que se chama Nome Próprio
.

Um filme que escreve a sua HISTÓRIA a cada dia!
Sou muito grato por esse carinho enorme e entrega de todos. O lançamento foi uma ação ESPETACULAR da equipe, do elenco e das pessoas que acompanham e participaram diariamente do nosso blog. Fizemos esse filme acontecer na marra! E agora vem esse reconhecimento também ESPETACULAR!

VOCÊS FORAM TODOS RECONHECIDOS NESSE PRÊMIO, pois existe o de melhor diretor e não ganhei, GANHAMOS O DE MELHOR FILME E ESSE PRÊMIO É DA EQUIPE, DO ELENCO E DOS AMIGOS DE NOME PRÓPRIO.

PARABÉNS A TODOS!

Murilo Salles.

O 36º Festival de Cinema de Gramado anuncia os grandes vencedores desta edição do maior festival cinematográfico do país.

Longa-Metragem Brasileiro:

Melhor filme de longa-metragem: NOME PROPRIO de Murilo Salles
Melhor Diretor: Domingos Oliveira pelo filme JUVENTUDE
Melhor Ator: Daniel de Oliveira pelo filme A FESTA DA MENINA MORTA
Melhor Atriz: Leandra Leal pelo filme NOME PROPRIO
Melhor Roteiro: Domingos Oliveira pelo filme JUVENTUDE
Melhor Fotografia: Lula Carvalho pelo filme A FESTA DA MENINA MORTA
Prêmio Especial do Júri: A Festa Damenina Morta de Matheus Nachtergaele
Premio de Qualidade Artística: para os Atores Aderbal Freire Filho,
Domingos Oliveira e Paulo Jose pelo filme JUVENTUDE
Melhor Diretor de Arte: Pedro Paulo de Souza pelo filme NOME PROPRIO
Melhor Música: Matheus Nachtergale pelo filme A FESTA DA MENINA MORTA
Melhor Montagem: Natara Ney pelo filme JUVENTUDE
Prêmio da Crítica: A Festa Da Menina Morta de Matheus Nachtergale
Melhor filme do Júri Popular: A Festa Da Menina Morta de Matheus Nachtergale

Parabéns a todos da equipe! E obrigada a todo o público que está contribuindo para a sua permanência nos cinemas. Estamos cada vez mais orgulhosos desse trabalho!!!


Fonte: Site Oficial do Festival de Cinema de Gramado
Fotos: Divulgação -
Edison Vara / Pressphoto

1 - RIO DE JANEIRO - ARTEPLEX SL. 03: 14:00 - 19:00

2 - RIO DE JANEIRO - ARMAZEM DIGITAL LEBLON: 16:30

3 - RIO DE JANEIRO - INSTITUTO MOREIRA SALLES: 13:50 - 15:50 - 19:50

4 - RIO DE JANEIRO - ESTAÇÃO LAURA ALVIM SL. 02: 21:45.

5 - SÃO PAULO - ESPAÇO UNIBANCO SL. 03: 14:00 - 16:30 - 19:00 - 21:30

Porto Alegre (Unibanco Arteplex) e Florianópolis (Shopping Beiramar):

22 de agosto (breve postaremos os horários e salas)

FELIPE MESSINA

Camila vive o efêmero. Há, por um outro ângulo, uma relação distinta entre a velocidade com a qual a personagem muda de casa, muda de amigos, muda de amores e a maneira como processa em texto estas experiências. Cada dia de blog é mais um dia que segue, é mais uma página que passa. Mas, ao mesmo tempo, está tudo gravado, é tudo acessível, é tudo passível de se reviver, de se relembrar. Se cada post é um retrato de um dia, de um beijo, de uma angustia; se cada experiência nova é perseguida obsessivamente; se cada página pertence a seu próprio tempo; os tempos se mantém no digital. A escritora persegue certa permanência das experiências e a obra “nunca termina”. Nome Próprio pode ser encarado como um retrato de situações de seu tempo. Um retrato composto por várias mãos. Há nele as intervenções das vivências dos roteiristas, do diretor, da autora, da atriz. Nesta maneira de lançar o filme, o autor busca uma participação ainda maior do espectador e demais sujeitos deste blog. Além disso, o filme e o blog podem passar a ser elementos complementares de forma profunda. Até onde você pretende manter relações de criação com este projeto do ponto de vista da sua intervenção criativa? Em algum momento você pretende tirá-lo do ar ou pretende deixá-lo (filme/blog) correr vida própria? Ou, mais ainda, pretende participar da atualização deste blog continuamente compondo uma obra quase sem fim?

(Felipe Messina, jornalista formado pela UFRJ, cobriu o circuito de festivais de cinema para o site Imprensa Jovem (2000 a 2004). Atualmente escreve para o DocBlog da Globo.com, editado por Carlos Alberto Mattos. Dentre os textos destacados: cobertura e redação de resenhas do É Tudo Verdade (2007/2008) e Festival do Rio (2007). Como realizador, produz com outros parceiros um filme sobre o projeto Semente da Música Brasileira e seus bailes no Clube dos Democráticos)


MURILO

Felipe, estou lendo a sua pergunta hoje, estamos no dia 8 de Agosto, iniciando a quarta semana de projeção do filme. O blog que já teve mil visitas por dia, está hoje com umas quatrocentas e poucas. Eu sabia que ia ter uma tendência de esvaziamento, cheguei até a conversar várias vezes com o Léo Bittencourt, o editor do blog, sobre o quê a gente iria fazer. Eu achava que a gente devia continuar o blog, não apenas como um blog sobre o filme e sim como uma experiência de um espaço existencial, de afirmação existencial de uma galera que está aí perdida pelo Brasil e quer falar, quer fazer arte e quer pensar mais profundamente o seu cotidiano. Sempre achei que o blog poderia ir por esse caminho; mas isso tem que acontecer de forma espontânea, da mesma forma como surgiu a idéia do blog, de forma simples e natural, sem ser forçado.

O Blog do filme Nome Próprio foi criado pela Clarah e pela Leandra no início do lançamento do filme. Foram elas duas que tomaram a iniciativa e criaram o blog. Nessa época, eu estava numa luta desesperada para arrumar dinheiro para lançar o filme e o dinheiro não vinha, tive então uma proposta da “Oi” de disponibilizar o filme num site, no portal da Telemar. Fiquei pensando um tempo sobre o assunto e comecei a achar que aquilo tudo era muito “oficial”, não tinha haver com o filme. Na conversa com um dos parceiros do lançamento, o Beto Topczewski da Big Bonsai, tive a consciência de que o filme não precisava de um site, nem de um super portal, ele precisava ter um blog. Foi junto com o Beto que percebi que a pertinência do lançamento desse filme era ter essa unidade de linguagem; de fazer o filme continuar num blog, dele se perpetuar no relato e na relação direta com as pessoas. Foi nessa época que eu assumi e comprei a idéia de lançar o filme inteiramente através do blog.

É muito legal ler a sua pergunta agora. Porque estamos repensando o blog. Eu sempre achei que o filme poderia continuar no blog. Mas, na verdade, o cotidiano dos Posts e dos comentários tem caminhado para uma direção que eu não esperava. Imaginava que as pessoas fossem se colocar mais, usar mais esse espaço que a gente abriu. Nós provocamos, instigamos, mas não deu muito resultado; com exceção do concurso do trailer que foi um puta sucesso. Os textos e materiais mais filosóficos e artísticos foram enviados por pessoas amigas, parceiros, a Alessandra Cestac, Lucas Bambozzi, Edouard Fraipont, Deisy Xavier e de algumas pessoas da equipe do filme. Agora, poucas pessoas realmente escreveram comentários e textos interessantes, que se colocaram mais pessoalmente. Tivemos boas e gostosas surpresas com a Violet Scott e o Rodrigo Luques, além de outras pessoas que me fugiram o nome agora. Teve um cara que viu o filme lá no Ponto-Cine, mandou uma poesia e a gente publicou, mas foram casos isolados. Enfim, eu meio que desanimei um pouco. Essas coisas têm que surgir de forma espontânea, ou então não faz sentido. Não dá para forçar. Dá para instigar e isso a gente tem feito. Estou mantendo até agora o blog, pagando para ver. Ainda vou escrever mais algumas coisas. Pode ser que enquanto a gente tiver energia aqui no escritório, eu e o Léo, a gente vá mantendo o Blog, vamos ver até quando.

FELIPE MESSINA
O plano pessoal da escritora é a matéria-prima de sua literatura. Mais do que inspiração, trechos de vida Camila são escritos e lidos. Das diferentes interpretações de “Escrevo porque preciso. Melhor, vivo porque escrevo.”, é possível chegar em “Vivo (certas circunstâncias) porque necessito delas para escrevê-las.” Seus relacionamentos são mais do que relacionamentos... são objetos de textos. Se ao final vemos uma escritora que se parte em duas, fundamentalmente ela também se funde em uma só. Seus amantes não são “apenas” amantes, são personagens. Seus tormentos não são “apenas” tormentos, são citações. Camila é sua obra.

Onde está o limite de Murilo Salles em sua arte? Onde está o limite de Murilo Salles em Camila? Em qual medida há Murilo Salles em Nome Próprio?

(Felipe Messina, jornalista formado pela UFRJ, cobriu o circuito de festivais de cinema para o site Imprensa Jovem (2000 a 2004). Atualmente escreve para o DocBlog da Globo.com, editado por Carlos Alberto Mattos. Dentre os textos destacados: cobertura e redação de resenhas do É Tudo Verdade (2007/2008) e Festival do Rio (2007). Como realizador, produz com outros parceiros um filme sobre o projeto Semente da Música Brasileira e seus bailes no Clube dos Democráticos)


MURILO
Onde estão os limites entre Murilo Salles e Camila? Essa é uma boa questão. Quando procurei esse filme, quando eu estava no processo de pesquisa, havia uma coisa que me encantava: a internet. A questão da internet surgiu para mim no meu filme anterior, no “Seja o que Deus Quiser”.

Terminei de filmar o “Seja o que Deus Quiser”, no dia 11 de Setembro de 2001. Estava fazendo as malas para vir para o Rio, quando os aviões entraram nas Torres Gêmeas. Eu vi. Vi ao vivo o segundo avião colidir. Desde essa época, estou ligado nessa questão da Internet. Depois que começou a surgir o fenômeno brasileiro no Orkut, eu passei a ficar ainda mais interessado na relação entre internet e Brasil. Eu via na internet um Brasil possível, um Brasil estranho, bizarro.

Nos meus dois filmes anteriores, “Como Nascem os Anjos” de 1996 e o “Seja o Que Deus Quiser” de 2002, eu estava discutindo um outro Brasil, uma outra visão do Brasil. O “Como Nascem os Anjos”, o filme dos dois garotinhos na favela, é uma tragédia anunciada. O que é óbvio. O quê eu ia fazer ali? Não dava para modificar aquele fim, eu só radicalizei o fim. Mas, na verdade, eu construí aquilo como uma brincadeira, como uma tentativa de discutir o verossímil no cinema. Todas aquelas citações são irreais, são inverossímeis, uma discussão de como a gente consegue criar verdade no cinema. No entanto, o que ficou dali foi a questão da cidade partida; o filme foi visto mais como um precursor da discussão da cidade partida, que pra mim, mesmo naquele momento, já era uma coisa meio velha. Eu não queria focar nisso, até porque as crianças estão brincando com isso, tem um tom de comédia evidente no filme, de brincadeira evidente, como tem no “Seja o que Deus Quiser”. Mas, quando você brinca com divisões, com questões tão grandiosas desse Brasil dividido, desse Brasil desigual, você não é muito perdoado, as pessoas não têm jogo de cintura para brincar com isso e essas duas brincadeiras minhas meio que se deram mal.

Então, resolvi fazer uma outra operação nesse filme novo. Tudo partiu da Internet e do Orkut. Foi por acaso que descobri a Clarah Averbuck. Estava lendo a coluna da Cora Rónai no Globo, quando descobri que naquela época, final de 2002, o Blog da Clarah era um dos blogs pessoais mais vistos no mundo. Fiquei interessado. Mandei um e-mail para a Clarah e ela me respondeu imediatamente. Tudo rolou muito rápido, comprei os direitos do livro com um dinheiro que tinha ganho num desenvolvimento de projeto da Telemar e fechamos o contrato. Foi então que parei para ler o livro. Só que naquele momento eu não estava dando conta, estava finalizando o “Seja o que Deus Quiser” e logo depois eu tinha o projeto do “Árido Movie” com o Lirio. Então, me afastei um pouco do projeto.

Chamei a Elena Soarez e a gente conversou muito sobre a Clarah e sobre essa questão do narrar. Convidei-a para escrever o primeiro tratamento. A pegada da Elena foi mais pela comédia, ela fez um roteiro cômico. No roteiro, tinha a presença de uns dez fãs como personagens. Acontecia uma série de relações, os fãs iam procurar a Camila e não a encontravam nunca; enfim, o filme ia muito por aí.

Esse roteiro ficou guardado por um tempo. Quando reli, quis desistir do projeto. Não me via ali, eu não achava graça naquilo, quer dizer, eu achava graça nessa questão do que é real e o quê é virtual, essa questão de construção de narrativa. Agora, o roteiro da Elena tinha uma coisa muito legal, que é essa estrutura que o filme tem hoje. Quer dizer, eu fiz algumas modificações, tirei os fãs e comecei o filme com a Camila se separando. Quis manter a Camila, a minha Camila, se comunicando com os fãs, mas pouco e totalmente enclausurada. Eu parti para a clausura e a partir daí comecei a descobrir a questão da paixão. Fui me esfregando, tentando me descobrir ali. Até porque, nesse momento, eu já tinha gasto um dinheiro, tinha que fazer o filme. Eu disse: “cara como eu vou fazer esse filme?” Eu tinha que criar uma pega, eu tinha que me jogar inteiro, para dentro.

Então, até que ponto está o Murilo no filme? Na verdade, durante três anos eu fui descobrindo o filme, fui me empenhando profundamente em descobrir o que eu queria. Fui descobrindo as questões da paixão e do transbordamento. Durante três anos fui me tornado a Camila, descobrindo a minha Camila. Eu até brincava com a Clarah, dizia: “Eu sou a melhor Clarah Averbuck”. Porque, na verdade, a escrita é da Clarah, seria da Clarah, só que eu fui descobrindo outros temas. Fui querendo tornar minha personagem mais densa, menos piadista; fui tornando-a mais entregue à paixão, mais desesperada com a busca dos seus contornos, de se jogar e se arrebentar, de se entregar aos homens para descobrir os seus limites. Pois, é assim, homens e mulheres só descobrem os seus limites se entregando às aventuras amorosas e paixões, até que um dia encontramos alguma coisa além, encontramos a nós mesmos.

O Felipe Bragança fez uma piada, lá no Festival de Tiradentes, dizendo que aquela outra Camila, a que aparece no final do filme, sou eu. E ele está certo, eu sou a melhor Camila.

FELIPE MESSINA
O roteiro do filme apresenta uma série de lacunas, desde o princípio. O espectador pode simplesmente ignorar a falta de informação anterior à cena ou pode abstrair e criar seus próprios preenchimentos destas gavetas entreabertas. Do ponto de vista da construção do perfil da personagem, partimos de uma situação em que não sabemos nada sobre a anterioridade da briga entre Camila e seu namorado. As possíveis “razões” que a levaram a ser pega na cama com outro homem são apresentadas em suas falas iniciais, cada um pode construir a pré-separação da forma que quiser. Na seqüência, “conhecemos” melhor os episódios vividos por Camila. A obsessão e a compulsão; a exposição de sua vida pessoal; as repetições dos episódios de transas com outros amantes; o surgimento da mãe e de relacionamentos mais próximos; a entrega que faz à literatura. Expostos em ordenamentos distintos, as facetas de Camila podem gerar ao espectador um apreço diferente pela personagem. As seqüências do filme, em vários casos, poderiam ser apresentadas em outra ordem e construir uma terceira narrativa e ainda conter o sentido principal. Como foi o processo de elaboração do roteiro e o que definiu o percurso de construção da personagem?


(Felipe Messina, jornalista formado pela UFRJ, cobriu o circuito de festivais de cinema para o site Imprensa Jovem (2000 a 2004). Atualmente escreve para o DocBlog da Globo.com, editado por Carlos Alberto Mattos. Dentre os textos destacados: cobertura e redação de resenhas do É Tudo Verdade (2007/2008) e Festival do Rio (2007). Como realizador, produz com outros parceiros um filme sobre o projeto Semente da Música Brasileira e seus bailes no Clube dos Democráticos)

MURILO SALLES

Nome Próprio realmente poderia ter sido apresentado, montado, em diversas ordens, construindo outras narrativas. Inclusive, já tivemos 4 horas e 30 de filme montado, não de material bruto; 4h e 30 de material editado mesmo. Na versão que foi para o cinema, ele tem 1 hora e 54 minutos de filme corrido. Obviamente a gente tirou muita coisa, mexemos em muita coisa, inclusive criamos algumas descontinuidades, o que as pessoas reclamam um pouco.

Mas, eu concordo: poderíamos ter ordenado esse filme de diversas formas. Só acho que aprendi com esse filme que quando escolho uma palavra, uma cena, estou fazendo uma opção de recorte, um recorte pessoal daquele universo. O que tomei mais cuidado no roteiro foi para construir uma narrativa de uma narrativa. Nós filmamos com esse intúito, isso não foi inventado na montagem.

Eu tinha uma versão para o final do filme com Camila escrevendo num caderninho, a câmera saia do caderno e vai subindo até chegar ao olho, até um close. Um plano lindo da Leandra, só o olho dela em foco. Esse era um movimento que eu acreditava representar a passagem da literatura para o cinema. Ela escrevia num papel, toda a imagem fora de foco, quando terminava de escrever, a câmera ia subindo pelo braço dela e só focava quando chegava no olho. Achava que era nesse rito de passagem onde eu inaugurava a questão do cinema. Mas, tudo isso foi tirado.

Estou contando isso pra dizer que eu construí uma narrativa suficientemente suculenta para que eu pudesse mexer depois na montagem. O Roteiro já foi escrito pensando na posse da escritura, dos textos sob a tela; na segunda camada de significados que você comentou na sua primeira pergunta. Mas, você transformou essa questão em três camadas diferentes que se interpenetram. Eu tenho uma tendência a achar que são apenas duas. O tempo todo existe esses dois campos.

Construí o filme de forma a ter opções na manga. No roteiro eu já tinha várias cenas da Camila escrevendo no teclado, pois eu sabia que o tempo todo eu poderia cortar pra tela, enfim, ele já tinha alguns recursos que eu poderia usar e que sabia que seriam úteis na edição. O roteiro não foi feito com nenhuma artimanha, ele foi feito com o que está no filme, aliás, esse filme é muito fiel ao seu roteiro. Eu não improviso, eu improviso na hora de roteirizar. É ali que eu decido o quê quero e o quê que eu não quero. A hora de roteirizar pra mim é a grande hora criativa, é por isso que eu fico dois anos escrevendo um roteiro.

Gosto de escrever de forma que eu já começo a cena no meio; nunca revelo os prolegômenos e tento evitar o fim da cena também. Esse filme já começa com o que eu chamo de liturgia da suspensão. Existe esse desejo meu de criar uma situação sem os seus alicerces. Apesar de eu fazer um cinema narrativo, tento desconstruir as determinações que constroem uma cena. Fico criando o espaço, a cena, quero remeter para o cinema. Não interessa a historinha, interessa sim o cinema.

A primeira cena do filme, por exemplo, remete para um estado suspenso, tão suspenso que várias pessoas acham que a Camila nunca teve uma relação séria na vida. Como assim? Como as pessoas podem achar isso? Isso acontece porque há uma falta do olhar de cinema, dessa questão do tempo. E a depressão de Camila? E a destruição dela e do Felipe? Os dois estão destruindo uma relação, ninguém destrói uma relação desse jeito sem que tenha sido uma relação impactante. Felipe e Camila eram intensos, tinham uma relação séria e de longo tempo; acho que isso está claro no filme.

As pessoas acham que a Camila é uma piranha, por quê? Por causa do machismo dominante. O filme é muito sobre isso. Aliás, eu postei um texto com esse tema: Quem tem medo de Camila Lopes, um texto que discute esse machismo; um machismo que existe inclusive na cabeça das mulheres.

Estaremos publicando ao longo desta semana a entrevista feita por Felipe Messina e Juliano Gomes com Murilo Salles, a cerca do processo de construção do filme Nome Próprio. A cada dia, postamos uma das seis perguntas.

FELIPE MESSINA:

Nome Próprio é um filme focado primordialmente em seu personagem principal. Desde o principio acompanhamos os choques e as rupturas que Camila sofre com seus espaços e as relações que a circundam. É possível absorver uma leitura dual entre uma vivência impregnada de um espírito de liberdade ou de um sabor de aprisionamento. Talvez uma falsa liberdade, talvez uma falsa prisão, talvez uma prisão libertária. Dentre os espaços construídos no filme, notamos fortemente três camadas principais, três espaços principais: o espaço das relações pessoais, o espaço da criação artística e o espaço físico do mundo e seus cubículos de cimento. , A imagem e as relações destes lugares são fortemente construídas do ponto de vista visual. Eles se confundem e se mesclam na trama e no quadro. A vida pessoal com o blog e seus leitores, os quartos e os planos fechados (em circunstâncias que beiram a claustrofobia) e as letras que invadem a tela. Cada qual com uma marca específica mas que, em alguns momentos, transbordam uns para os outros. Como foi o processo de elaboração destas imagens, da formação dessas diferentes camadas? Em que momento do processo de criação do filme esta questão surgiu? Era uma preocupação inicial já na elaboração do roteiro? Como se deram as etapas de construção desta interação dos espaços de Camila?

(Felipe Messina, jornalista formado pela UFRJ, cobriu o circuito de festivais de cinema para o site Imprensa Jovem (2000 a 2004). Atualmente escreve para o DocBlog da Globo.com, editado por Carlos Alberto Mattos. Dentre os textos destacados: cobertura e redação de resenhas do É Tudo Verdade (2007/2008) e Festival do Rio (2007). Como realizador, produz com outros parceiros um filme sobre o projeto Semente da Música Brasileira e seus bailes no Clube dos Democráticos)


MURILO:

Esse filme fala mesmo pela imagem; mas a imagem vista em todo o seu complexo, quer dizer, com texto, com som. Vc fala em três camadas, mas a sonoridade também poderia ser uma quarta camada. O Léo tinha comentado que achava que a quarta camada seria o imaginário de Camila. Eu acho que isso está na mescla dessas três camadas que vc comenta; a quarta camada seria mesmo o som, o uso do som.

O processo de elaboração das imagens foi feito aos poucos, foi sendo construído por camadas mesmo. Existiu primeiro um olhar sobre o trabalho da Clarah Averbuck, sobre o que me interessava na Clarah. Era um olhar sobre as historias dela, não um olhar sobre a sua literatura. A literatura dela não me interessava, nunca me interessou. Me interessava o factual das histórias e também a operação que ela fazia. Na verdade, esse filme fala mais da Clarah do que do livro dela. O que me interessa é a sua operação: uma menina querendo ser escritora, que se isola, que escreve um blogue e que usa a sua vida para criar os contornos da sua literatura.

Existia também a questão sobre a construção de narrativa, que pra mim é também o segundo vértice ou vertente importante. Na verdade, eu acho que esse filme tem duas camadas, com subcamadas que se interpolam. Para mim, existe a camada que é a historinha factual e existe a história que está sendo narrada.

Como você mesmo coloca, Felipe, essa é uma parábola da contemporaneidade; uma falsa sensação de universalidade que a gente tem através da Internet. Esse paradoxo acaba criando uma clausura de verdade. Nós somos obrigados a estar fixados à tela do computador para estarmos conectados com o mundo, e isso é um paradoxo. Hoje em dia, com a Internet mudando para o celular, talvez isso mude. Mas, no momento em que o filme se passa, em 2001, não havia jeito, para ganhar a liberdade virtual você tinha que perder a real, tinha que ficar confinado.

Então, existe o nível das histórias da Camila, da sexualidade de Camila, da afetividade de Camila, dos transbordamentos dela. Mas, tem também existe toda uma intenção de criar um segundo nível, o nível de quem está escrevendo essa história e que vai possuindo lentamente o filme. O primeiro corte tinha uma câmera que era o olhar daquele personagem final. Acabei cortando essas câmeras da montagem porque tive medo de ficar muito claro, de bandeirar demais. Eram câmeras em geral mais tremidas, uma linguagem meio MTV, camerazinha tremidinha, na mão, fechada ... Eu não queria trazer isso para o filme, não tinha nada a ver; esse filme é um filme clássico, ele é filmado classicamente, apesar de ter planos bacanas, ele tem uma tranqüilidade na linguagem que foi muito procurada, pensada.

O que ficou no filme foram as câmeras de cima, que provocam um lugar de um olho, um olhar de Deus. Por exemplo, quando eles estão transando na praia, a Camila e o namorado que ela rouba da amiga, da Mary, é um olhar de Deus, de cima; como se levantasse a pergunta: quem está olhando ali? E não é apenas a câmera que aponta para esse personagem que está "fora". O texto da praia, que aparece escrito sob a imagem da transa, é pungente, domina e avassala a cena. Aquele é um texto que avassala, porque aquilo é um pensamento! Tem alguém pensando aquelas frases, aliás, a estrutura toda da praia; desde a utilização do sambinha. A cena do sambinha foi criada para gerar estranhamento com aquela situação, um distanciamento mesmo, porque aquela música é a única música que não tem nada a ver com o filme. Aquilo é para nos remeter à idéia de que tudo ali pode ser ficcional. Por exemplo, a chegada do Henry na praia, como é que ela se dá? Tudo ali está no limiar. E aquela praia? Onde é aquela praia? Se você observar bem, não tem nenhum carro passando. A gente ficou ali esperando até não passar nenhum carro. É a Av. Atlântica, mas ela está vazia, ninguém passa ao fundo, nenhum carro passa ao fundo, não tem seres habitando aquela cidade, é uma cidade vazia.

É nesse sentido que foi feita toda a construção do filme. A gente filmou em três apartamentos. Tinha uma operação inicial mais radical, que ia desvendar essa questão. Só que, já na primeira montagem, ficou claro que era muito didático. Revelava-se muito claramente a casa, o nome da autora final. A autora final, aquela da última cena do filme, tem um nome, Beatriz. É ela lá no bar com o homem de Ribeirão Preto. É a Beatriz, não é Camila. Enfim, é real. Tudo nesse filme é real, por isso ele se chamava uma história real.

Existe realmente essa tentativa de construir uma operação de alguém que está pensando aquele narrar, possuindo aquele narrar. Por isso, os textos vão para a tela. Isso pode parecer uma outra camada, mas não é. É a mesma camada. Não existe essa quarta camada que o Léo Bittencourt associava à imaginação. Na verdade, esse filme só tem duas camadas: o real, a historinha de Camila, e o pensado, o construído, que talvez seja a história que Beatriz esteja construindo e impregnando o filme, possuindo todo o filme com ela. No entanto, ela só se revela totalmente na última cena.

Leandra Leal e Clarah Averbuck chegam juntas à Gramado. Foto: Daniela Xu

A atriz e a escritora chegaram juntas a Gramado


É um grude que começou cerca de dois anos atrás, época em que Nome Próprio começou a sair do papel e do mundo virtual para virar o longa-metragem que abriu ontem à noite a mostra competitiva do 36º Festival de Gramado. Leandra Leal, a protagonista, e Clarah Averbuck, a escritora que emprestou muitos de seus textos confessionais para o roteiro de Murilo Salles, viraram grandes amigas. Agora tocam um trabalho em parceria.

– Estamos escrevendo uma peça juntas, uma comédia em tom de melodrama tipo novela no teatro, com capítulos – conta Leandra.

As duas chegaram a Gramado ontem, no fim de tarde, algumas horas depois do previsto, graças a um pequeno contratempo na subida à Serra – “um probleminha com um IPVA vencido”, explica Leandra, sorrindo, sem dar maiores detalhes.

O entusiasmo de ambas com Nome Próprio é evidente. A boa recepção ao filme por parte da crítica – está em cartaz no centro do país desde 18 de julho – destaca sobretudo o excelente trabalho de Leandra, 26 anos, confirmando-a como uma das mais talentosas atrizes de sua geração. E realça ainda mais o nome de Clarah, 29 anos, como uma das estrelas da nova geração da literatura brasileira.

– Conheci os textos da Clarah antes de começar a filmar. Quando cheguei ao set, sabia muito de cada cena, daquele universo – lembra Leandra, acrescentando que teve liberdade para improvisar. – Tem uma seqüência no motel em que eu criei uma situação que não estava prevista. O engraçado é que várias comentam que passaram por uma situação parecida, de chegar na hora e se arrepender.

– Comigo não comentam nada do filme, pois, como acham que sou eu ali, ficam com medo de falar algo – emenda Clarah, enfatizando o que tem se cansado de enfatizar desde que o filme estreou: Camila, a personagem que é uma aspirante a escritora vivendo uma rotina de excessos, físicos e criativos, não é ela, e sim uma cria de ficção, dela própria e de Murilo Salles.

Sobre Leandra, Clarah comenta:

– A interpretação dela é fantástica. Não imagino outra pessoa no papel.

Bastante empenhadas na divulgação de Nome Próprio, Leandra e Clarah, além da parceria profissional, como boas amigas, ajudam uma a outra em questões da vida pessoal. Clarah quer trocar o apartamento na capital paulistana por uma casa na distante Granja Viana, com muito verde e pátio para a filha pequena brincar. Já levou Leandra para olhar. Diz durante a entrevista que pensa em comprar uma moto.

– Em São Paulo, de jeito nenhum, tá maluca? – é a resposta de Leandra.

Fonte: Especial Gramado no ClicRBS

36° Festival de Cinema de Gramado - Coletiva de imprensa com a equipe do filme Nome Próprio. Foto Edison Vara/PressPhoto

Aconteceu nesta manhã o debate sobre o filme Nome Próprio. A platéia do Auditório Locatelli foi composta por críticos de cinema, estudantes, jornalistas e pelo júri popular, além de cinéfilos. O diretor Murilo Salles, a escritora Clarah Averbuck, a co-roteirista Viviane Mosé e o diretor de arte Pedro Paulo de Souza fizeram parte da mesa de discussões.

Murilo falou sobre o processo de construção da personagem Camila, interpretada por Leandra Leal. Para o cineasta, a elaboração se deu muito através da cumplicidade estabelecida entre eles. “Ou a Leandra ‘comprava’ o projeto junto comigo, ou o filme não teria acontecido. Neste sentido, acho que ela é co-autora da produção”, salienta Salles. Para o diretor, ao contrário do que possa parecer, existe pouca casualidade na produção”. Murilo diz que houve espaço para improviso, mas havia um roteiro bem estruturado para ser seguido.

Para Salles, a escolha de Leandra Leal foi um grande acerto. Murilo considera que existe o ator certo para um determinado personagem. “Vimos vários testes e o da Leandra se impôs com contundência máxima”, elogia. O filme foi realizado com tecnologia digital. Para o diretor a câmera foi fundamental nesse processo. “A Camila está nua o tempo todo, mesmo quando está vestida. Isso exige uma postura de câmera diferenciada”, comenta.

O diretor de arte Pedro Paulo de Souza salientou que todos os objetos de cena foram escolhidos de forma que houvesse uma ligação verdadeira com a personagem. Deste modo, os livros, os CD’s, ou qualquer outro elemento cenográfico estabeleciam uma ligação verdadeira com o universo de Camila.

Para Leandra Leal o convite para viver Camila representou um desafio aos seus limites. “Decidi aceitar esse papel porque quis como atriz fazer esse trabalho radical de entrega. Pensei: é aqui que eu vou gritar para mim mesma que eu sou atriz. Foi muito gratificante”, revela Leandra.

Para Clarah Averbuck, o autor deve manter um distanciamento da produção e não interferir no resultado final. “Autor bom é autor morto. Autor não tem que se meter e reclamar”, mas a escritora diz que gostou do filme e que havia ficado claro desde o princípio que o longa seria inspirado em sua personagem, mas não seria a filmagem fiel de seu livro Máquina de Pinball, obra que deu origem ao longa.

Viviane Mosé, poetisa e co-roteirista de Nome Próprio passou a integrar o filme na fase final, quando a captação de imagens estava praticamente pronta. Alguns de seus desafios consistiam em resgatar a questão do transbordamento e do excesso. Mosé finalizou todos os textos de os off’s e, também, os que aparecem na tela.

Fonte: Assessoria de Imprensa do Festival de Gramado

36° Festival de Cinema de Gramado - Coletiva de imprensa com a equipe do filme Nome Próprio. Foto Edison Vara/PressPhoto

Alemir Coletto, Presidente do Festival de Cinema de Gramado, a atriz Leandra Leal e o diretor Murilo Salles do filme Nome Próprio. Foto Edison Vara/PressPhoto

Alemir Coletto, Presidente do Festival de Cinema de Gramado, a atriz Leandra Leal e o diretor Murilo Salles do filme Nome Próprio. Foto Edison Vara/PressPhotoo

"Nome Próprio" abre hoje às 21 horas a Mostra Competitiva da edição 2008 do Festival de Cinema de Gramado. Murilo Salles já ganhou o Kikito pelos filmes “Nunca Fomos tão Felizes”, “Faca de Dois Gumes” e “Como Nascem os Anjos".

A coletiva do filme acontece na segunda-feira, dia 11/08, às 10 horas na Sala de Coletivas do Centro de Eventos da UFRGS. Às 16 horas, na Casa D´O Bosque, rola um debate com o tema "Cinema e Literatura" com a participação de Murilo Salles e de Viviane Mosé.

O clipe de "Nome Próprio", música tema do filme composta pela banda mineira Porcas Borboletas, estréia dia 12/08, terça-feira, no MTV Lab e no MTV Lab - Cult Trash. O vídeo também estará disponível no MTV Overdrive.



Este é um POST em homenagem àqueles que andam escrevendo e pensando barbaridades sobre a personagem Camila.

Antes de tudo devemos um esclarecimento, pois tem gente que não está percebendo o óbvio: trata-se de filme sobre paixão. Paixão e Narrativa (construção de uma narrativa = paixão por cinema). Paixão encarnada numa mulher, e, simplificando, um filme sobre transbordamento, avessamento de limites. O que é lógico e conseqüente, pois esse é o problema do indivíduo: construir seus limites. A "palavra" é um limite - quando escrevemos algo, estamos fazendo uma opção por um significante/significado, portanto, excluindo todos os outros. Uma narrativa é um limite, pois exclui outras. Experimentação de limites - quem não se defronta com essas questões não faz arte. Pois ARTE é avessamento. É atravessar a fronteira do lugar comum.

Lembramos com Foulcault que não existe sujeito nem sexualidade universal, e que os "discursos" sobre o sujeito e sobre o sexo são produções determinadas historicamente.

Voltando à história : primeiro - na antiguidade as mulheres eram máquinas de parir primogênitos machos, e se assim não fizessem, perdiam o posto de ‘predileta’. No seu oposto tinha a cortesã. O lugar da mulher era o da anulação da intensidade afetiva feminina, pois voltando da guerra o homem queria uma pele perfumada e uma amante silenciosa. Depois, na idade média, as mulheres intensas viravam bruxas: as que detinham poderes misteriosos das profundezas da alma e dos mistérios humanos. Algumas poucas se transformaram em guerreiras e foram queimadas em praça pública. Guerra era para os homens. As mulheres pagavam com a vida quando traiam suas condições de "esposas" - por terem desejo, por quererem exercer sua feminilidade: Guenièvre.

É Freud no final do século 19 que postula que sexualidade é prazer. Mas diz que só há um sexo: o masculino. Portanto, mulher com muito desejo é histérica, mulher com muita vontade própria é uma "mala". Mulher que é mulher cuida da casa, dos filhos e de noite é uma gueixa. Perfumada e silenciosa. Só que não goza. Gozo, prazer é visto como excesso. Em ambos os sexos. Hedonismo.

Somente a 50 anos atrás, por causa de um evento desejado pelo homem: o controle da natalidade - com a invenção da pílula - a mulher consegue finalmente sua tardia liberdade sexual. Ela enfim tinha um órgão sexual livre do estigma da reprodução e que pode ser usado exclusivamente para seu prazer.

Pobres senhores, pois com a liberação sexual da mulher, ela deixa de ser ou reprodutora ou cortesã e passa a ser mulher, essa é a grande transformação do final do século XX - o papel psico-social da mulher e uma mudança fundamental do papel dessa mulher na relação homem/mulher em quaisquer dos campos da manifestação humana. Em vez do grande embate entre capitalismo/comunismo esperado para a segunda metade do século XX, o que aconteceu como mudança radical foi o da "ontologia" feminina.

Camila é filha da mulher liberada dos anos 70. Ela nasce e cresce consciente de seu corpo. Não acha uma fragilidade possuir uma vagina e um par de seios, pois estes são instrumentos de sua sexualidade como o pênis é para o homem. Todas as zonas erógenas são para serem usufruídas. Camila não tem problemas com isso.

As mulheres deixam o lugar da posição passiva de "escolhidas" ou "eleitas" e passam a desejar, a escolher, a não querer qualquer homem. Camila não gosta de levar cantadas idiotas, fica sim muito irritada com esse clichê masculino "a cantada". Porque a mulher agora não pode escolher? O que tem de patológico na inversão dessa posição? Sim pois rola uma acusação de patologia social de Camila porque ela se antecipa ‘agressivamente’ à cantadas machistas clichês. Essa acusação é sintoma da permanência ainda na cabeça de algumas mulheres de um conceito arcaico em Freud que diz do caráter fálico como ordenador da diferença sexual, quer dizer, como índice definidor do sexo feminino. E isso fica muito claro, inclusive, na Camila da Clarah Averbuck quando declara-se uma mulher com bolas, literalmente.

A Camila do filme não. É mais complexa e menos machista. Ela quer fundar seu estado feminino através de seu corpo e esse corpo é sua escrita. Uma operação mais 'adulta' que a Camila da Clarah Averbuck que infantilmente afirma ser uma bad-girl e, uma mulher-com-bolas, que é a busca de legitimação submetida a um discurso machista/fálico.

Camila em Nome Próprio faz questão de demarcar claramente essa diferença da Camila de Clarah Averbuck: a ordem do feminino para além da representação fálica. Por isso a nossa Camila (do filme) incomoda tanto às pessoas (homens e mulheres) ainda imersas nessa tradição machista, a do 'monismo fálico' em Freud - ou ainda mais sofisticado, em Lacan: "a mulher como um gozo para além da ordem fálica", quando este propõe: a mulher não existe, só existe um significante, o falo, o feminino está assim foracluído.

Se a lógica fálica determina a inexistência do sexo feminino, afinal, que inexistência é essa que existe tanto, pergunta a psicanalista Regina Neri em seu livro 'A psicanálise e o feminino: um horizonte da modernidade'?

Nossa Camila transborda na exposição de suas contradições para afirmar sua feminilidade contemporânea. Em seu rito apaixonado de procura por contorno e apego. Ela procura apego no chão. Procura descobrir os limites de sua feminilidade em seus ritos mais desesperados de afirmação, daí o texto copydescado pelo diretor Murilo Salles e Viviane Mosé, de Santa Tereza D'Ávila: "Nada me resta senão me perder em você, senão morrer um pouco, senão gozar sem saber do que se goza", e, no seu off, enquanto ‘rouba’ o namorado da amiga (falando sério: transar com o namorado da amiga é quase um clichê!): "Não sei se é ausência de pernas, ou de mim. Não sei se é ausência de chão. Eu sei que é um amolecimento das formas, um derramar das coisas. Um desmaio. Um suspiro sem corpo. Um bicho. É ser um bicho ou um vento. Tanto quanto pessoa na tempestade. Ou não ser. Ou ser nada e vazio". O filme aqui atinge o ponto crucial de sua questão: uma busca incessante de afirmação dessa contemporânea 'identidade feminina' que quer se descolar da mulher cuja identidade ainda é espelhada no masculino. Não é à toa que a cena seguinte da praia é um close de uma dobradiça de uma porta que se abre, marcando uma passagem. Camila adentra no limite: "fora" diz seu namorado Henri. E nesse jogo vai formatando seu corpo que será marcado por essas cicatrizes.

São desses textos que, certamente, Clarah Averbuck não gosta muito, pois os seu são contaminados de determinações machistas, e que ela, sinceramente, acredita estar sendo irônica, sarcástica e irreverente. Na verdade a irreverência - sou mulher mas com bolas - de Clarah é uma confirmação do monismo fálico de Freud. É a irreverência do fálico em Clarah Averbuck...

Outra questão recorrente é a de que Camila no filme não se relaciona com ninguém. Como assim? E com Felipe? Quem destrói/rompe uma relação assim? É quem dormiu na noite anterior com um parceiro fortuito? Não. Quem está metido num namorico de portão? Menos ainda. A fúria com que os dois destroem essa relação - porque sim, Felipe também destrói sim, ou nossos críticos não perceberam as merdas de Felipe? Pode ser que não, porque o ritual da traição é aceitável para os homens. Mas quando uma mulher trai e assume que traiu, fogueira nela. A relação Camila/Felipe existe sim e é/foi uma relação de muita intensidade, na proporção exata da paixão que é desprendida para destruí-la: como diz Camila, é muito amor! Nem todo homem está preparado para entender isso. Pois se não há amor, há indiferença. Eles podem ser tudo, menos indiferentes.

Camila é egocêntrica. Claro que é. Se não for egocêntrica será o quê? Todos começamos nossa jornada egocêntricos. O mundo e a civilização se constrói no embate do egocentrismo com o real. O egocêntrico que não se relaciona com o real morre. É simples assim, morre. Camila sobrevive. É egocêntrica. Mas, devemos ter mais cuidado com os seres que não tiverem em seu ego o seu território bem demarcado. Esse é o perigo do altruísmo. Do bonzinho... O bem e o mal estão dentro. No ser. Portanto cuide do seu ser. Camila está cuidando do dela.

Nome Próprio trata de um rito de passagem, de um processo, de uma construção de narrativa. Essa narrativa fugiu do banal e embarcou num processo de tentar dar conta da procura de um corpo. Do corpo da escrita feminina e do feminino como criação do novo. Isso torna sua personagem quase que insuportável para as mentes de seres mais opacos.

O Globo Online

Texto: Sergio Batisteli

RIO - Uma bela jovem nua briga com o namorado, Felipe (Juliano Cazarré), é expulsa de sua própria casa e vai para um apartamento de um fã em Brasília. Ela pede uma bebida, mas não tem. Então Camila Lopes (Leandra Leal) vai escrever para se acalmar e diz "Escrevo porque preciso. Melhor, vivo porque escrevo"

Blog do Bonequinho: leia resenha do filme no lançamento do Festival do Rio

("Nome Próprio", Brasil - 2007, HD, 120 min.) é o sétimo longa-metragem do diretor Murilo Salles que trata, além da situação de jovens urbanos atualmente, da história de uma desequilibrada e famosa blogueira que tem o sonho de publicar um livro. Assim, como em "Nunca Fomos Tão Felizes" (1984), "Faca de Dois Gumes" (1988), "Seja o que Deus Quiser (2002)", ele deixa uma das suas marcas registradas, que é contextualizar o comportamento humano em complicadas situações de vida. Murilo constrói personagens e suas próprias verdades independentemente de uma moral pré-estabelecida pela sociedade.

" Murilo constrói personagens e suas próprias verdades independentemente de uma moral pré-estabelecida pela sociedade "


O roteiro do filme é uma adaptação dos livros "Máquina de Pinball" (2002) e "Cama de Gato" (2004) da escritora gaúcha Clarah Averbuck, 28 anos. Ela é o fruto da mais recente forma de mídia e divulgação que conhecemos - a internet. Seu blog chegou a ter mais de 1800 acessos diários, e foi o ponto de partida para ela mostrar seus textos. Clarah é como esse novo meio de comunicação, ou seja, é libertária, revolucionária, sem limites e influenciada por outras formas de manifestação, entre eles os escritores John Fante, Charles Bukowski, Paulo Leminski, e o rock and roll.

Murilo Salles explora de forma primorosa os espaços internos dos apartamentos, onde Camila tem o seu quartel general da expressão literária. Com travelling aéreo, super close, GC (gerador de caracteres) que ajuda enfatizar a poesia quando a sua desmedida personagem escreve no blog. Nas cenas de amor, Murilo desfoca a câmera e trabalha com pouca luz. Esses são alguns dos elementos que compõem a linguagem fílmica de "Nome Próprio".

O fio condutor da história é Camila, vivido pela atriz Leandra Leal, 25 anos. Certamente o principal papel cinematográfico na carreira de Leandra, até o momento ( leia entrevista com a atriz ). Na telona vemos uma excelente atuação da protagonista carioca. Uma mulher despudorada, corajosa e intensa a cada minuto.

" O filme deixa clara a rede de pessoas que gira em torno de um blog e como suas vidas virtuais podem se tornar presenciais e expostas sem o menor pudor "


Camila fuma um cigarro atrás do outro, liga desesperada para uma amiga, sente um tremendo vazio no seu coração e fica esperando algum contato de Felipe. Começa a pensar em escrever o seu livro, bebe muito, se entope de tranqüilizantes e não come.

O filme deixa clara a rede de pessoas que gira em torno de um blog, e como suas vidas virtuais podem se tornar presenciais e expostas sem o menor pudor.

Sobre o final, Salles deixa em aberto para o espectador a interpretação sobre que é realmente Camila. Acima de tudo, ela tem uma alma apaixonante que exala viscerais sentimentos pelos poros de sua pele.

"Nome Próprio" está em cartaz nos cinemas. Consulte os horários no Guia de Lazer

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Músicas de Camila