Um filme dirigido por Murilo Salles com Leandra Leal.
Baseado na obra de Clarah Averbuck.

As palavras vão se formando, as pessoas vão se aproximando e Camila ganha corpo. Corpo com células de letras.

Cinema para se ver, ouvir e ler!

A cada nova discussão nos blogs, Nome Próprio ganha vida. Uma vida que para ser vivida tem que estar sempre sendo revista, comentada, hospedada dentro de cada pessoa que o assiste. E ontem ele ganhou mais uma. Uma ilustre hospedeira, Milu Leite.

Ela escreveu uma ótima critica sobre o filme no blog overmundo, botando o filme na roda, obrigando-o a se movimentar. Copiamos aqui o texto para que vocês também possam se juntar à dança.


A blogosfera chega às telas

Camila (Leandra Leal), protagonista do novo filme de Murilo Salles, é blogueira. Inspirado em Máquina de Pinball e Vida de gato, dois livros de Clarah Averbuck (blogueira: http://adioslounge.blogspot.com/) , "nome próprio" tem tudo para agitar a blogosfera. É intenso, indefinível e despudorado como todo blog que se preze.

Leandra Leal, atriz que já nos surpreendeu muito bem em outros papéis (a menina de "A ostra e o vento" é inesquecível), dá carne, sangue quente e sentimento à sua personagem de modo quase assustador.

Feita justiça à sua interpretação, me reservo o direito de partir para os elogios ao diretor. Fazer um filme de palavras, quero dizer, transformar palavras em imagens de mesmo peso já não é tarefa fácil para os diretores que se aventuram nas adaptações literárias cujos textos são a grande força da obra, não a história. Murilo enfrentou o desafio de filmar palavras, porque Camila (tanto quanto a grande maioria dos blogueiros) é o que escreve. Não é possível dissociar texto de pessoa. Aliás, não seria esse o motivo de tanta gente falar de si nesses diários pessoais e serem lidas e questionadas, comentadas?

Então, vemos palavras na tela. Muitas. E ouvimos o tec tec tec do teclado, seguimos a setinha do mouse... e Camila vai se desnudando até nos causar dó, ou ódio, ou um nó na boca do estômago. Ela é só sentimento, mundanidade e... palavras. Penso agora que um dos maiores méritos do filme é não adocicar essa personagem tão controversa, desagradável aos olhos de alguns, irresistível aos meus.

Sem meias-palavras, é preciso dizer: Camila é terrível! Mas a sua disponibilidade para o mundo, a sua entrega descabelada aos apelos do amor e do corpo me fazem vê-la com os olhos da paixão.
E é esta paixaõ que sustenta a opção feita por Murilo Salles.
Honesto, entregue, revirado nas emoções. Ele captou tudo e nos deu um presente.
Espero que as pessoas o recebam.

Milu Leite

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Músicas de Camila