Fazer um filme intimista é uma contradição em termos: cinema pressupõe equipe, que por menor que seja inclui no mínimo umas 10 pessoas, e toda a intimidade que se quer imprimir na tela tem que ser alcançada no meio de toda essa gente.
Talvez por isso as equipes de cinema virem uma espécie de família, pelo menos enquanto aquele filme específico estiver sendo feito. Todo mundo passa o dia inteiro junto, a noite inteira quando as cenas são noturnas, e se a filmagem for fora da cidade de origem passa também as horas de folga e os fins-de-semana. A maioria dos atores se inclui nessa “família”, e isso fica ainda mais forte quando há um protagonista absoluto, que filma quase todo dia, e que portanto não se afasta do set tempo suficiente pra se desligar daquela turma.
A construção dessa intimidade leva um tempo, e pode ser determinante pro sucesso de um projeto, especialmente no caso da intimidade do ator com o diretor. Representar um personagem é um processo de entrega comandado pelo instinto e pelas pesquisas do ator, e guiado por essa voz externa que é a do diretor. Esse cara que conhece o filme desde muito antes dele ser imagem, que sonhou com alguém dando voz às frases do roteiro, dando corpo às sensações, e finalmente tem um outro ali pra realizar o sonho. Mas o corpo é desse outro, a voz é dele, o olhar, e é preciso estar em sintonia pra coisa toda fluir macia.
Quando rola bem é aquela coisa: é a anti-solidão, a troca exata, a sintonia perfeita. E aí a gente corre pro cinema pra ver na tela grande essa química acontecer.
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Um comentário:
O contato entre seres humanos é complicado,mas quando se tem a sintonia , intensidade e vontade,as coisas acontecem,de forma boa.
É muito bom quando esses elementos estão presentes, faz tudo ser realmente como uma família e todos fazendo parte de um mundo.
Viva o cinema!
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