Um filme dirigido por Murilo Salles com Leandra Leal.
Baseado na obra de Clarah Averbuck.

Há uns dias postamos o texto do Murilo,"Olho que olha", sobre a fotografia de
“Nome Próprio”. Murilo, que além de diretor, co-fotógrafo e câmera, teve como parceira na construção visual do filme a diretora de fotografia Fernanda Riscali.

Agora é a vez da Fernanda dar a sua visão desse processo, complementando,
acrescentando e até discordando do texto do Murilo. Afinal, esse blog é
pra isso mesmo: pra sobrepor informações, somar pontos de vista, gerar
debate. Participem!


Meu olhar sobre NOME PRÓPIO

Idéia, conceito, opção estética. Este foi o ponto de partida para a criação das imagens de NOME PRÓPRIO.

Duas pessoas num set, executando uma mesma função criativa, poderia ser um pesadelo com resultado catastrófico. Mas apesar da fotografia ter sido executada “por quatro mãos”, acredito que eu e Murilo sempre concordamos e tivemos muito claro em nossas mentes QUE FILME ESTÁVAMOS FAZENDO.

A idéia inicial de fazer um filme com LUZ EXISTENTE, uma captação quase documental, sempre norteou nosso trabalho. Nesse sentido, estudar a luz ambiente de cada locação e pensar como criar “traquitanas” para iluminar minimamente esses ambientes, foi fundamental.

Outra questão importante foi entender que estávamos fazendo um filme digital. Assumidamente digital, tanto no processo de trabalho quanto na característica das imagens. Nunca pretendemos trabalhar em película, nunca tentamos parecer película. E acredito que isso tenha sido um grande acerto.

Entretanto tenho que discordar do Murilo quando ele diz que o digital “nos liberta do poder do domínio de uma técnica”. Para traduzir idéias em imagens sempre necessitamos de uma técnica e para mim, NOME PRÓPRIO é um exemplo disso. Durante o processo do filme nós evoluímos, aprimoramos nossa técnica a serviço da idéia primordial de ser um filme do OLHAR. A meu ver, dominamos o digital com o tempo, com o conhecimento gradual da câmera, de como usar a luz a nosso favor e de como expor corretamente. Nossa concepção inicial nunca se perdeu, mas conseguimos criar imagens mais belas e mais poéticas quando entendemos como captar nossas idéias através dessa câmera. Por isso acredito que NOME PRÓPRIO é um filme OLHO, mas também um filme câmera e sobretudo um filme LUZ.

Concordo que “precisamos de pensamento, de linguagem, de conceito, de história e principalmente de poética” para fazer arte. O pensamento deve ser anterior a qualquer técnica. É ele que nos norteia e nos permite fazer uma obra coerente com nosso objetivo.

NOME PRÓPRIO é o resultado desse pensamento e da energia de todos que o compreenderam, num esforço conjunto para que ele se tornasse IMAGEM.



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