Um filme dirigido por Murilo Salles com Leandra Leal.
Baseado na obra de Clarah Averbuck.

David Katz, ator que interpreta o personagem do Guilherme, foi a uma das pré-estréias de Nome Próprio e nos mandou esse texto com suas impressões e inquietações com o filme, com São Paulo, com a vida.

Agora que já apresentamos o personagem Guilherme, está na hora de dar voz ao ator:

De onde vem à poesia nos tempos em que vivemos? O que me inquieta em "Nome Próprio" é essa busca dissecada conduzida por Murilo em um filme urgente que transborda ao publico delicadeza, dor, intensidade e principalmente: paixão.

São Paulo guarda em suas "gavetas" habitadas heróis de curiosos romances, romances que tão raramente sabemos qual é a epopéia de nossos vizinhos, sim ainda somos gregos e trágicos, e também ainda somos românticos e renascentistas em pleno século 21. Cada herói tem sua forma de relatar sua historia, Beatriz é escritora e faz de Camila o seu veiculo de narração, de poesia. Todos nós precisamos de poesia mesmo aqueles que não entendem ou não enxergam ela em sua vida por que não se entregam ou simplesmente não sabem se entregar à poética que rege nossas vidas, nossas historias.

Eu entendo que apenas com entrega total do espectador é possível ver "Nome Próprio", não poderia ser diferente já que todos envolvidos nesse projeto tiveram coragem de se jogar nessa coisa misteriosa chamada paixão para a realização do filme. Só assim era possível contar esta historia. Existiu em nós muita urgência de vida, de contar essa historia, de narrar para poder se libertar desse silencio que nos agride tanto em São Paulo (e acredito que em todas as grandes metrópoles), em nossos apartamentos, com nossas rotinas mudas, com nossos computadores, com nossa espantosa dificuldade de se comunicar verdadeiramente com alguém. Camila/Beatriz, Marcio, Guilherme, Paula, Daniel, todos os personagens do filme tentam resolver de sua maneira
a sua solidão a sua carência por alguém com quem consiga verdadeiramente se comunicar, no fundo é o que todos nós mais queremos: ser compreendidos e amados pela nossa essência, sem maquiagens.

O olhar não mente, a fotografia e a direção de arte do filme constrói algo tão cru que você se sente nu junto com Camila, despido de qualquer mascara e em busca de algo urgente que te resolva o corpo, e então junto com ela nos diluímos em busca de um Nome Próprio que nos de algum sentido a nossa narrativa.

Como ator vivi todo o processo muito intensamente, a poesia não suporta mentiras e logo por conseqüência esse filme também não. Conduzidos por Frederico Foroni no Estúdio Fátima Toledo passamos todos por um processo muito intenso onde a insegurança, a angustia e a delicia de viver uma paixão reinou até os términos da filmagem e posso dizer por mim que até hoje tenho cada vez mais essa urgência, com certeza hoje consigo ter mais paixão e poesia em qualquer coisa que eu faça.

Penso que se o publico fizer como todo elenco e equipe fez ao gravar e se entregar com Camila em busca de seu Nome Próprio ganhará no mínimo um olhar mais sensível e intenso sobre a vida.

(David Cejkinski)

Um comentário:

Anne Caroline Quiangala disse...

De fato saí do cinema absorta. Pela simplicidade do que estava visível e pela complexidade contida em cada frase dita ou não de cada personagem.

E este texto traduz devidamente a magia como um todo.

Músicas de Camila