Esse filme não é meu. É a primeira coisa que declaro quando algum desavisado vem me dizer que "quer ver meu filme". E é a primeira coisa que quero dizer aqui. Os livros, Máquina de Pinball e Vida de Gato, eles sim são meus. Neles eu mando, controlo tudo, invento o que quiser e deixo todo mundo pensando se aconteceu ou não - apesar de achar uma grande tolice esse negózdi ficar tentando descobrir o que foi e o que não foi. É arte, minha gente, é literatura, tudo se mistura na nova história que se cria quando o autor bota as idéias no papel. Quando eu boto as idéias no papel. Os outros autores eu não sei, jamais falaria por eles. Ou melhor, falo sim: tudo é baseado na vida. Não estritamente na vida, mas no fato de estarmos todos aqui e as coisas acontecerem em volta. Nos meus livros algumas passagens partem de um fato para desdobrarem-se em outros que nunca ocorreram, outras partem de fato algum para direto para a ficção e outros realmente aconteceram. Qual é qual não importa. A partir do momento em que está escrito, tudo e nada aconteceu. O que precisa acontecer é a leitura entregue.
Este filme não é meu. É uma livre adaptação da minha obra. Livre demais para o meu gosto em alguns momentos. Não vou dizer que não me incomodam meus textos remexidos por mãos que não as minhas, minhas frases deturpadas e outras de outrem parecendo que saíram de mim. Sim, porque outras pessoas escreveram vários dos textos do filme. Muitas pessoas. Esse filme é uma obra coletiva baseada na minha, que é só minha. A minha Camila Chirivino virou Camila Lopes - escolha do diretor. Pouco sobrou das situações do texto original - escolha do diretor. Tudo é escolha do diretor, ele sim, dono, ditador e soberano do filme. Minha participação no processo foi mínima, eu era proibida de entrar no set - nem sei onde ficam as locações -, mexi em um tratamento do roteiro que foi mexido mais dez vezes por mil pessoas e, ironicamente, meu agente infiltrado lá era a própria Leandra Leal. Ela levava lá para a zona proibida meus livros, minhas roupas, pôsteres da minha casa e até os meus olhos. Ela deu a vida à Camila Lopes. Não poderia ser mais ninguém; Leandra arrebenta na atuação. Aquele coração de furacão nas costas dela não é à toa.
Esse filme não é meu, mas é claro que eu estou lá. E a minha Camila também, junto com outras pessoas, outras Camilas, tantas Camilas que existem por aí, junto com a direção de arte, com a trilha, com a fotografia. Este filme se chama "Nome Próprio" e tem sua vida própria, que não é minha, nem do diretor, nem de ninguém. É dele. E eu espero que vocês gostem.
Clarah Averbuck
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4 comentários:
E tem várias camilas por ae na vida real...
Estava lá e gostei.
gostei da máquina de pinball e da vida de gato. to louco pra ver o nome próprio. qto ao lance de ser ou não um filme de clarah penso que não há como não ligar uma coisa à outra. adoro adaptações, principalmente as chamadas 'livres'. mas acho também que o quando o autor vê uma personagem criada por ele adaptada (seja em cinema, seja em teatro) deve rolar uma coisa meio louca na cabeça dele pq aquela personagem deixa de ser SÓ dele. parece que vira outra pessoa, como se colocassem palavras na sua boca, sabe? ah, sei lá, acho que é isso. e dane-se de quem é o filme. o que importa é que os livros são bacanas, as histórias são massa e se o filme tem leandra leal. e tem clarah. vamos ver... depois que assistir, volto. ks. .lucas
por um momento pirei! Louco pra saber qual era o livro adaptado, há muito q li o "máquina..."
finalmente chegará as telas!!
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