Texto da leitora Haline Santiago Thaumaturgo
Leandra Leal retorna as telas de cinema em "Nome próprio", filme de Murilo Salles, baseado nos livros "Máquina de pinball" e "Das coisas esquecidas atrás da estante", de Clarah Averbuck.
Em meio a um apartamento sendo esvaziado, Leandra surge na pele de Camila, uma escritora em busca de idéias para seu primeiro livro, uma espécie de alter-ego da autora. Surge nua e é como passa a maior parte do filme, dando a idéia de estar constantemente se despindo diante de quem a está observando.
A história é ambientada em São Paulo e trata de dilemas afetivos, amizade, traição (ou não) e sexo, muito sexo. Tudo isso regado a muita bebida e cigarros. Em resumo, trata-se de vida pulsando e tudo que Camila faz, faz com bastante intensidade. Camila não tem pudores, quebra as regras, é extremamente envolvente e intimida quem não consegue lidar com isso. O sexo é tratado com naturalidade. Pode ser com o amor de sua vida, com um desconhecido ou com a amiga. Camila "come", não é "comida".
Camila não deixa o espectador relaxar, ora bebendo compulsivamente até passar mal, ora limpando freneticamente a casa, raspando o esmalte das unhas ou ainda tentando matar uma barata. Camila não tem paz e não deixa ninguém em paz.
Apesar destes momentos de extrema agonia, Camila consegue ter algum humor e, com isso, mesmo quando não está com a razão, consegue simplesmente desconstruir a idéia de razão. Certo ou errado não existem e o espectador sempre consegue entender sua dor.
O filme reúne cenas quentes de sexo e cenas com alto teor dramático. O maior desafio de Leandra era conseguir prender a atenção por mais de duas horas de filme - embora contracene com diversos atores, tudo gira em torno dela mesma. E este foi cumprido com muito talento.
Para os conhecedores da obra e dos blogs da autora, onde a música (rock, blues, jazz e etc.) é muito presente, ficou faltando uma trilha sonora adequada, mas nada que atrapalhe o conteúdo e a poesia do longa.
Nota: Clarah Averbuck é uma jovem escritora gaúcha, proveniente de uma safra de escritores que utilizam a internet como canal de comunicação, através de blogs e fanzines, como o "CardosOnline", do qual foi colunista até 2001. Escreveu três livros: "Máquina de pinball", "Das coisas esquecidas atrás da estante" e "Vida de gato". Atualmente edita o blog http://adioslounge.blogspot.com/
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